Nas últimas duas semanas temos vivido uma comoção pelos quatro ataques violentos realizados em escolas do Brasil, tristemente com vítimas fatais e ferimentos graves. Estávamos até “acostumados” a ouvir esse tipo de notícia vindo dos EUA, em que só neste ano foram 14, com 24 mortos e feridos, porém quando chega perto de nós, assusta muito. No WhatsApp do condomínio onde moro vi hoje mães comentando que seus filhos não queriam ir à escola no dia 20 porque era aniversário do massacre de Columbine, quando notícias diziam haveria outros ataques em escolas. O que está acontecendo? De repente o mundo ficou muito pior e agressivo, os adolescentes estão enlouquecendo (foram os atacantes em 3 desses episódios recentes no Brasil), há uma onda de ataques psicóticos que também chegou no Brasil?
Sei que essa não é uma resposta fácil, também não estou me valendo de um estudo estatístico e profundo sobre as ocorrências, para identificar causas comuns. Mas sou pai de 3 filhos e avô de 4 netos, ouço com frequência notícias do que se passa com as famílias e seus filhos que frequentam as escolas de nossa associação, e naturalmente estou antenado com o contexto educacional. Tenho forte sentimento de que estamos colhendo o que vimos plantando como sociedade e como pais também, ocupados demais para cuidar da próxima geração com o nível de responsabilidade e intencionalidade que isso requer. Falta paciência para educar no sentido amplo e bíblico da palavra, que implica inspirar pelo exemplo, andar junto no caminho, corrigir, desenvolver bons hábitos e virtudes, cultivar o amor ao próximo e a Deus.
Há muitas vozes competindo com a verdade da Bíblia, que nos alerta que o coração da criança está inclinado à tolice, que a disciplina é fundamental para afastá-la do mal, que ajudá-la a adquirir sabedoria e entendimento é a melhor proteção para ela, que ensiná-la o amor e a obedecer aos pais e a Deus é nossa primeira missão com os filhos. Os pais evitam confrontar os filhos, cria-los diferente dos colegas para não constranger, e deixam muito espaço para a Internet, as redes sociais, a TV e a mídia ocuparem, definindo a “realidade” que a cultura impõe com narrativas e ideologias mentirosas. Sempre houve bullying nas escolas, porém hoje ele tem o alcance de uma rede social, que expõe e que cancela. As crianças são pressionadas a se identificarem com propostas malucas de personalidade e comportamento, sem terem maturidade para discernir e um apoio amoroso para se posicionar contra. Sofrem depois transtornos emocionais dramáticos, que podem extravasar de forma violenta contra si mesmas ou contra outros.
Em todos os tempos a criança foi alvo de abusos e agressões, por exemplo, sendo usadas em trabalho escravo e criminoso, sacrifício em rituais malignos, objeto de prazer doentio, treinada para abastecer causas ideológicas radicais. Como cristãos sabemos que os filhos devem ser herança do Senhor, que se cuidarmos dela segundo a instrução que Ele nos deixou, esse fruto do ventre será para nós seu presente e recompensa (Sal. 127:3). Tenha compromisso com seus filhos e com a educação deles, dá trabalho mesmo, porém seu resultado valerá a pena aqui e na eternidade. Nós da AECEP sofremos com as tragédias recentes nas escolas, mas sabemos que todos os dias em todos os lugares multidões de crianças e adolescentes estão sendo preparados para um massacre do potencial de vida que Deus tem para elas. Queremos estar unidos às pessoas de bem que confiam nas palavras de Jesus sobre as crianças, para resistir o mal e trabalhar juntos pela proteção e formação da próxima geração, que então possa revelar o Reino de Deus em todas as áreas da sociedade.
Por Roberto Rinaldi
Presidente do Conselho AECEP