Por Roberto Rinaldi.
Temos vivido tempos difíceis no Brasil, com o avanço da criminalidade e a corrupção endêmica, e sua repercussão geral na condição de vida dos que nele habitam: insegurança, desemprego, deterioração da infraestrutura e serviços, … Sabemos que não serão medidas simples e intervencionistas que mudarão esse quadro, pois os elementos que levaram a essa situação estão arraigados em nossa cultura, tolerando meios que justificam os fins. Por isso entendemos faz tempo que a educação para formação moral e espiritual, além da competência, é fundamental para reverter essa tendência de forma sustentável, ao conscientizar o indivíduo de sua responsabilidade para com seu próximo e perante Deus.
A Abordagem Educacional por Princípios – AEP que abraçamos entusiasticamente foi compreendida em sua prerrogativa de responder a esses anseios, fundamentando o desenvolvimento do aluno com base na Palavra de Deus. A motivação para educar partindo da ideia cristã da criança, a aplicação de passos reflexivos para internalização do conhecimento, a referência a princípios bíblicos para balizar moralmente o entendimento, e o uso de ferramentas que exercitam o caráter, são temas cativantes para o educador engajado na causa. Se a intenção é espiritualmente bendita, o método é biblicamente inspirado e científico, e o currículo visa construir um resultado desejável no melhor sentido, como não colher os frutos prometidos e sonhar com um país abençoado por essa geração assim educada?
Sem dúvida queremos isso, não apenas os educadores envolvidos, mas também os pais e líderes compromissados com altos valores e com o bem da nação. Mas será que apenas educar com um bom modelo cristão, às vezes ainda permeado com currículo e recursos mais atrativos ao público, é suficiente para alcançar esses objetivos? Certamente que bons professores, valendo-se de uma abordagem consistente e com nobres ideias perante Deus e os homens, tem tudo para obter bons resultados, muito superiores à média que empurra conteúdos e tem a visão conturbada por filosofias enganosas. Mas nós estamos tratando de uma educação transformadora, capaz de habilitar o indivíduo a mudar sua família e o tecido da sociedade, para juntos atuarem em prol da liberdade e da prosperidade com a benção de Deus.
Quando entendemos a lógica da AEP fica mais claro para nós o seu valor e como pode efetivamente nos capacitar para realizar esse ideal. O governo civil, em sua concepção bíblica, existe para servir o povo como seu representante, a partir do estado de direito definido através de uma constituição e leis que visam proteger e beneficiar a todos como iguais perante elas. Somente um povo que reconhece a soberania de Deus e Sua Palavra e é instruído com princípios bíblicos, pode fazer funcionar um governo assim, que pressupõe responsabilidade de cada indivíduo e compromisso de todos com o bem comum. A AEP foi estruturada com base no experimento de uma nação emergente em torno da ideia do autogoverno e com liberdade de consciência e direitos inalienáveis, inspirados na Palavra de Deus ensinada nos lares, nas escolas e nas igrejas. Essa história de sucesso trouxe inspiração e esperança a muitas nações do mundo devastadas por tirania, replicando o conceito de república cristã.
Termino alertando que precisamos ser cuidadosos para assegurar que os ideais que a AEP evoca não se percam na sua aplicação com fórmulas ou adaptações que diluem o seu propósito de cultivar o autogoverno bíblico, para libertar o homem da ignorância, da dependência e da irresponsabilidade. Enfim, nosso desejo de ter um país abençoado por Deus e que acabou nos engajando na educação cristã, deveria também nos levar a sermos zelosos dos meios que permitirão expressar os princípios do Reino de Deus em sua cultura e na nossa família.
Roberto Rinaldi Júnior – maio 2018
Presidente da AECEP
