Por Roberto Rinaldi.
Esta é uma discussão antiga e que tem ganho destaque ultimamente, com a pressão no sistema educacional para fazer valer o investimento que recebe. Afinal, cabe falar em resultados numa atividade que é filosoficamente motivada por obediência à Palavra de Deus e exercida em fé? Não estaríamos nós tentando colocar números onde Deus espera apenas que façamos nossa parte e confiemos Nele? Afinal, educação cristã não deveria ser predominantemente um negócio, mas principalmente atender um chamado, trabalhar numa missão que foi originalmente confiada aos pais.
Essas reflexões são válidas para manter o equilíbrio nessa área, porém não podem ser tomadas religiosamente. Mas afinal, o que são resultados? Percebo que há muita dificuldade em se lidar com o termo no meio educacional, em que normalmente ele se confunde com meios, estratégias, iniciativas. No dicionário encontramos a seguinte definição para a palavra resultado:
– Consequência; conclusão; efeito; aquilo que procede naturalmente ou logicamente de fatos (Webster, 1828)
– Solução; o lucro obtido em determinado negócio (Aurélio)
Como podemos perceber, o termo resultado denota um produto, um desfecho, uma consequência, que no caso de uma atividade intencional como é a educação, deveria traduzir benefícios concretos, um valor desejado. As propagandas e websites das escolas cristãs apresentam em geral uma missão e uma visão que projetam o perfil do aluno que ela se propõe formar, normalmente expressando características elevadas. Além disso, a escola cristã está inserida num contexto econômico-social, em que pais fazem a opção de pagar pelo ensino do filho ou filha, portanto, “compete” com a rede pública que é alinhada a interesses do Estado. Assim, deveria desempenhar melhor, e demonstrar que corresponde aos valores esperados pelas famílias participantes, coerentes com sua filosofia cristã.
Enfim, tudo isso trata de resultados, que apesar de poderem ser percebidos diferentemente conforme o público, aspectos chaves de desempenho acadêmico, comportamento social/ cívico, posicionamento espiritual, e prontidão física, podem ser parametrizados como benefícios objetivos e aferidos na vida do aluno. Mesmo na perspectiva teológica, a Bíblia nos ensina que a árvore deve ser cuidada para que dê mais fruto. Escola não é igreja, tem que haver gestão sobre os recursos, currículo, processos, e pessoas que nela atuam, para assegurar que estão alcançando o que prometem aos pais quando matriculam seus filhos, e poder prestar contas à sociedade. Implica também credibilidade e responsabilidade.
Incentivo que todos façamos a lição de casa aproveitando o tema do Workshop AECEP deste ano, buscando identificar os valores/ benefícios que estão compromissados a gerar como escola, com os diferenciais que a AEP aporta. Depois corajosamente definamos maneiras de medir o quanto deles está sendo produzindo (com a graça de Deus), através de indicadores simples, práticos e significativos. Este é um exercício que feito colaborativamente, contribui para o crescimento dos envolvidos e da instituição, e no final, honra a Deus ao mostrar que Seus preceitos trazem benção real.
Vamos fazer deste esforço uma grande oportunidade de aprendizagem para todos nós, com humildade e zelo pelo que nos foi confiado. O compartilhar de dúvidas e experiências, preferencialmente com apoio do Referencial AECEP, faz parte desse processo de crescimento. Todos vamos ganhar, e o Brasil também!
Abraço no amor do Senhor,
Roberto Rinaldi Jr – Presidente do Conselho de Administração da AECEP, março 2019