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Quem não tem uma direção certa, qualquer rota serve?

Por Kelli Castro.

Essa pergunta é mesmo intrigante! Quando pensada em um contexto de escola cristã ela nos leva a refletir em muitos pontos. Em um trabalho de pesquisa que realizei há alguns anos, coletando dados para um artigo científico, visitei muitas escolas da região onde morava, sendo elas confessionais ou não, com variadas propostas educacionais e metodológicas.

Ao observarmos algumas escolas confessionais, encontramos em muitas delas denominadas cristãs, mas que, ao compararmos o caminho que têm percorrido e o rumo que têm dado aos alunos, a incoerência chega a ser alarmante, pois o barco pode até levar em sua proa uma cruz e um estandarte caracterizando-o como cristãos, mas, são as águas desconhecidas e turbulentas, que sem condução firme e, levados por todo vento de doutrinas (Ef 4: 14), as têm conduzido, sem saber aonde vão chegar.

Vejamos o que encontrei em escolas denominadas cristãs:

Se na conclusão do curso os alunos daquele ano passassem em algum tipo de avaliação nacional ou internacional, a campanha de divulgação do próximo ano e os direcionamentos pedagógicos se tornava o alvo da gestão. Procuravam o melhor material didático para aquele fim, contratavam o melhor professor, organizavam a rotina, os horários para incluir uma nova disciplina ou aumentar ou diminuir o tempo de outra, tudo a fim de que nos próximos anos mais alunos conseguissem alcançar estes mesmos resultados. Se a oportunidade era de intercambio, todo o rumo da escola agora se voltava para promover bilinguismo. Ainda encontrei as escolas cristãs inclusivas e com equipes multidisciplinares. Ou mesmo aquelas com um fabuloso laboratório de robótica, um parque sensório-motor de ponta ou uma linda cozinha para a aula de culinária. Enfim, o que era mais aceitável para o público local é o que direcionava os esforços!

Entenda. Não quero aqui dizer que essas coisas são ruins ou erradas! Nem mesmo dizer que são desnecessárias! De forma alguma! A questão é quando tais coisas ocupam em nossa identidade o lugar que deveria ser de Cristo, pois afinal somos uma escola Cristã. Em cada momento que a grande mídia e a manipulação de massa tornam algo relevante em nossa sociedade para um consumo assertivo das industrias vigentes, como de turismo, saúde, comunicação e tecnologias, entre tantas outras, nossas escolas se moldam para atender a estas “inovações” se perdendo na intencionalidade e propósito, perdendo o rumo.

Conheci comunidades escolares sólidas e com muito tempo de caminhada, mas, que no decorrer dos anos, se aculturou ao mercado educacional do Brasil e perdeu sua essência cristã, daí o seu alvo se voltou para concorrer com escolas de “grifes” locais modelo “vestibulinho”, aquelas focadas para passar no vestibular com metodologia dirigida para resultados rápidos. Consequências: a escola perdeu tanto os pais que procuravam uma educação cristã de fato, quanto aqueles que viram que seu método não traria resultados tão imediatos como as demais; e em poucos anos, já estavam prestes a fechar.

Outro tipo de escolas, encontrei as que faziam parte extensiva de algum ministério de educação cristã da Igreja local, geralmente, com uma gestão administrativa sólida, mas muito pouco ou quase nada de Cristo encontrávamos em sua filosofia, metodologia e currículo, com equipes de educadores mistas (cristãos e não cristãos) e no calendário, festividades até como o Halloween.

A minha busca, não parou por aí. Também conheci escolas confessionais, que apesar de ter uma filosofia cristã, não possuíam ainda um método de ensino- aprendizagem cristão e não havia um caminho cristocêntrico bem delineado que, na maioria das vezes, acomodava-se em seguir o material didático adotado para o ano. Assim, cada ano, tentavam uma proposta diferente, o que resultava em insegurança na comunidade local, levando a escola patinar e não conseguir consolidar sua identidade. Porém, algumas dessas escolas, ao se abrirem para implantarem a Abordagem Educacional por Princípios e entendendo o seu real chamado para aquela localidade, recalcularam o seu rumo. Os resultados na formação do caráter e na qualidade acadêmica dos alunos ganharam os corações de novas famílias que se integraram ao corpo daquela escola, chegando a se fortalecer tornando-se um referencial em formação de vocacionados, que mesmos tão pequenos já fazem a diferença na sociedade com um coração de líderes-servidores.

recalcular(re +calcular) verbo transitivo

1. Calcular novamente. 2. Fazer novo cálculo ou novos cálculos.

Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2013. [Acesso em 23-04-2019].

Calcular – verbo transitivo

1. Julgar, considerar, pensar ou ter opinião. 2. Fazer conta de, estimar; dar valor.

3. Calcular; como, o movimento do sol em que anos são contabilizados – também para atribuir como dívida.

Dicionário Webster 1828

Discernir e Compreender o momento histórico que vivemos, as características locais de onde a escola está situada, os recursos atuais que possuímos, as pessoas que integram com seus dons e talentos, tudo que aconteceu para chegarmos até aqui; muitas vezes servem como indicadores de Deus para aquilo que Ele quer fazer no lugar específico, e vai ajudar alinhar a bússola para recalcular a rota, caso estejamos navegando perdidos em mares de confusão.

Na pessoa de Cristo encontramos o padrão para uma proposta curricular para nossas escolas. Ele mesmo disse em conversa com os seus discípulos “eu sou o CAMINHO, a VERDADE e a VIDA” (João 14:6)

Se somos uma Instituição Cristã o modelo a ser seguido é o de Cristo, sendo assim: Por que ensinar? Para Vida – Filosofia

Como ensinar ? No Caminho – Metodologia O que ensinar ? A Verdade – Currículo

O Mestre dos mestres deve estar conduzindo e presente em todas as esferas da educação em nossa abordagem, desde a visão, o alvo que queremos alcançar, nossas intencionalidades, o que vamos ensinar, os conteúdos apropriados para cada fase da vida, a construção de significados e sentido, e como vamos instruir nossos pequeninos por esse caminho, quais ferramentas utilizaremos, os recursos apropriados e disponíveis para que o plano de Deus seja alcançado em cada coração de nossas crianças.

Já está sentido o vento bater a favor!

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Ajuste as velas. Recalcule a rota e, boa viagem! Lembre, sem desviar para bombordo (esquerda) ou estibordo (direita), e mesmo que uma tempestade te alcance, Jesus está no barco!

Kelli Castro – Diretora do Ceduc, Luanda – Angola.

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