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ENSAIO SOBRE COSMOVISÃO

Por Daniela Rubi

Será que sou capaz de identificar a minha própria visão da realidade? Se cosmovisão é o termo que utilizamos para nomear as lentes sob as quais cada indivíduo enxerga todas as coisas (Deus, Homem, Mundo, Propósito, Certo, Errado…), analisar a minha própria cosmovisão é um exercício um tanto quanto desafiador considerando que estarei com as minhas lentes enquanto as analiso. Seria como um cego tentar descrever detalhes sobre a cor de sua bengala. Para obter sucesso nessa análise será necessário o afastamento do objeto de estudo. E quais lentes utilizarei para esse fim? Seria por isso que em uma das aulas foi dito que cosmovisão não é ciência?

Talvez, seria mais fácil, que outro me analisasse, quem sabe por meio de perguntas e respostas, mas o analista também teria as suas próprias lentes, as quais poderiam estar embaçadas ou possuir defeitos. Quem, portanto, poderá realizar esse trabalho de modo justo e verdadeiro?

Interessante perceber que, se a análise da cosmovisão partir da ótica humana e temporal, tal análise será invalidada porque ela partirá desde o início de pressupostos solúveis, falhos, líquidos (como queira definir). Nesse sentido, há de se ter um fundamento firme o suficiente para servir de padrão ou régua e com base em seus dados, verificar de modo comparativo, o que está certo, ou errado, o que está torto, ou alinhado. Num espaço vazio e sem limites estabelecidos, como poderíamos dizer se algo está inclinado para um lado ou para o outro?

A revelação de Deus traz resposta a esse espaço vazio. Ela oferece a mim e aos demais indivíduos, uma base, um alicerce, uma estrutura, um fundamento eficaz e suficiente para efetuarmos nossa autoanálise.

É, portanto, sob a ótica divina que se torna possível a análise da nossa própria cosmovisão. Já não se trata dos nossos achismos ou considerações pautadas em nossas experiências, sensações e falhas compreensões, mas sim daquilo que É, que ERA e sempre SERÁ, a partir da mente perfeita de Deus¹ em perfeita atividade e expressa por meio das escrituras sagradas. Algo que vai além de nós mesmos.

Quem Deus diz que eu sou?

Qual o propósito, segundo Deus, para a minha existência?

O que Deus nos diz sobre o mundo?

Como concertá-lo, de acordo com a visão de Deus?

Suas respostas se alinham as minhas? Melhor dizendo… As minhas respostas estão alinhadas as Dele? Afinal de contas, Ele oferece o prumo e não eu. Conhecer as escrituras é fundamental para conhecer as respostas dadas por Ele. E, nesse sentido, certamente, as minhas estarão distantes da verdade. Podem estar até minimamente inclinadas na mesma direção, mas talvez um tanto quanto distantes da profundidade da verdade que Ele me oferece, visto que não conheço Sua palavra de modo perfeito e com a clareza devida.

Será que existe alguém no mundo que esteja com a cosmovisão perfeitamente alinhada à resposta de Deus a essas perguntas? Acredito que todos (os cristãos) que estão nessa busca, caminham rumo ao desenvolvimento da perfeita visão sobre tudo. Me recordo, inclusive, sobre o que Paulo disse:

“agora, vemos por espelho em enigma; mas, então, veremos face a face; agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido.” 1 Coríntios 13.12

e ainda sobre a necessidade da prática dos dons dados por Deus aos homens, ele diz:

“Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo.” Efésios 4:13-15

Portanto, tolo é aquele que pressupõe que sua cosmovisão está cem por cento alinhada ao que deveria ser. “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda.” Provérbios 16.18

Quando respondo a quem pergunta sobre quem sou, costumo responder com base na minha formação e na atividade profissional que realizo, mas será que isso é tudo? Essas ideias revelam, pelo menos no discurso, uma inclinação ao secularismo, cujo foco está nos assuntos temporais e no materialismo em que se nega a existência da esfera espiritual. Ainda que eu creia que sou mais do que um corpo habitando sobre o solo de um planeta dentro de um universo vasto, ao responder assim, não revelo a cosmovisão teorreferencial que defendo.

Palavras revelam convicções.

Também é possível perceber que diferente do que a Palavra nos declara – que a Salvação vem de Deus aos homens – muitas vezes me pego confiando nas mãos humanas, ou no fazer educacional, como solução para os problemas que vejo no mundo. Claro que encontro amparo na ideia de que é por meio da educação que propago a Verdade Divina, mas me lembro de muitas vezes ter dito que a Educação é capaz de transformar o mundo, como se a educação fosse uma entidade a ser adorada e exaltada por seus feitos. A educação é o meio – não o início e tampouco o fim. Educação sem Cristo é apenas educação. Propagação de saberes que não produzem nada além de vantagens circunstanciais, sujeitas ao tempo e ao espaço. Matéria morta. Findável.

Ok, entendi.

No entanto, de onde me vem os pontos de vista denunciados? Da escola, da família, dos livros didáticos, da mídia, da rede social, dos amigos, de outros livros, das músicas, das conversas ao redor da mesa… Por todos os cantos, influências formativas. Tentar sondá-las é como tentar recolher penas soltas no ar em um dia de ventos fortes.

Pois bem, “menina inconstante, levada de um lado para o outro por todo vento de doutrina”, não é assim que deve ser. Veja a importância da cosmovisão para você e para as demais pessoas que a cercam. A firmeza de saber quem você é, para onde deve ir – cooperando com propósitos maiores do que a sua própria existência. Por meio do conhecimento da cosmovisão cristã e das demais cosmovisões, Deus te conduz a essa paz (em paz).

Imagine como seria se todas as pessoas compartilhassem da cosmovisão de seu Criador, ou pelo menos buscando alinhar-se aos pensamentos e aos propósitos estabelecidos por Ele a cada uma delas…?

“You may say I’m a dreamer

But I’m not the only one

I hope someday you’ll join us

And the world will live as one”²

Você pode dizer que sou um sonhador

Mas eu não sou o único Eu espero que algum dia você se junte a nós

E o mundo viverá como se fosse um (com Deus). ³

 

                                                              
¹Elohim – O Deus triuno (único Deus – composto por três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo).
²Canção Imagine – composição: Yoko Ono / John Lennon.
³Termos entre parêntesis acrescentados pela autora do ensaio, fazendo referência a João 17.20-21.

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