Por Maura Stagi.
Escrevi este artigo para compartilhar a importância da musica neste momento onde todos estamos mais tempo em casa.
Sabemos que a música faz parte do cotidiano da maioria, ou senão, de todas as pessoas que conhecemos. A música é um bem universal, que constrói o caráter e acaricia a alma. Vamos falar agora do bem que ela nos traz sendo nós ouvintes ou praticantes.
Hoje, nesse turbilhão de acontecimentos, sento para tocar meu piano e reservo momentos onde esqueço do que está acontecendo no mundo. São momentos meus, onde deixo de lado todas as preocupações e me “dou ao luxo” de prestar atenção em quem eu sou, e em como estou. É também um momento onde agradeço a Deus por ter me dado um dia, a oportunidade de aprender música. Ela é capaz de despertar o lado emocional, estimular a criatividade, a imaginação, além de fazer bem ao coração. Quando ouvimos ou tocamos uma música que nos agrada, nos sentimos fortes e queridos, e momentos como esses não podem deixar de existir em nossas vidas.
Desde criança meus pais me colocaram para estudar piano porque se preocupavam com a minha saúde. Quando digo saúde, me refiro não somente a minha instrução, mas saúde física, mental e espiritual. Hoje em dia está na moda nos preocuparmos somente com a saúde física. É claro que ela é importante, mas muitas vezes nos esquecemos de cuidar da nossa saúde emocional e espiritual. A música é capaz de promover relações humanas. Quantas vezes não vi minha mãe me pedir para tocar algo para amigas que vinham nos visitar? Quantas vezes atraí pessoas para dentro da sala onde eu estava, somente por me ouvirem tocar? Quantas vezes eu me senti feliz ao sentar em uma roda de amigos onde havia uma violão sendo tocado? Quantas canções compartilhei com amigos e família, cantando juntos e nos divertindo com pequenos e as vezes grandes notas desafinadas? São tantas as lembranças… São tantos momentos…
Sou escritora e professora de piano e fico feliz em poder, nesse momento de quarentena, continuar a dar aulas, mesmo que online. Os pais entenderam a importância desse momento para a edificação dos filhos. Meus alunos curtem os momentos que passamos juntos, mesmo sendo poucos, mas que fazem e farão muita diferença no futuro de cada um deles. É muito lindo ver um sorriso no rosto de um aluno que acabou de tocar uma peça que ele pensava ser difícil. São desafios sendo vencidos a cada aula, a cada momento. São indivíduos fortes e seguros sendo edificados.
Tenho aproveitado esses momentos em casa, para estudar, ler, escrever e aprender mais. Tenho um esposo violoncelista, que considero um presente de Deus para minha vida, onde dividimos e compartilhamos momentos musicais. Infelizmente conheço pessoas que estão entediadas dentro de casa e que não sabem o que fazer com o tempo que agora “sobra”. Provavelmente, se soubessem tocar algum instrumento musical ou tivessem qualquer outra atividade além da profissional, não estariam se sentindo assim. O meu ponto aqui é: permita que seu filho, durante seu crescimento, esteja construindo momentos preciosos que lhe possibilitarão vencer as adversidades da vida.
Fui professora de música durante muitos anos em escolas e muitas vezes me vi em situações onde recursos disponíveis e instruções dadas não eram do meu agrado. Quantas vezes “pulei” um determinado conteúdo? Quantas vezes deixei de cantar uma música que estava no livro, por não achar que “aquela letra” acrescentaria algo de bom à vida de uma criança? Sim, quando exercemos o papel de professor, devemos nos ver e agir como educadores. Quando digo “pular” um determinado conteúdo, me refiro a não conseguir me imaginar abordando aquele determinado assunto com alunos de uma idade que não estão ainda prontos para assimilar o assunto. Aconteceram momentos, como de biografias de compositores, por exemplo, onde tive a linda oportunidade de mostrar e conversar com os alunos a respeito do estilo de vida do compositor. Através de rodas de conversas, alunos puderam se expressar e tirar suas próprias conclusões.
Certa vez um pai de aluno me abordou na escola. A pergunta dele foi a seguinte:
– Professora, você ensinou sobre a vida do compositor “tal”?
Na hora me assustei com a pergunta porque sabia que “a vida do compositor tal”, apesar de ter sido o responsável por lindas composições, não era nenhum exemplo a ser seguido.
A minha pergunta foi mais que depressa:
– Por que?
E a resposta do pai me encheu de alegria e de certeza de que eu tinha feito a coisa certa:
– Eu estava entrando em um restaurante com a minha família, e meu filho me parou para me mostrar um homem que estava sentado bebendo e fumando. E ele falou:
– Pai, ele está fazendo igual ao “compositor tal” que a professora de música falou. Não é certo, não é? Ele pode ficar doente e devemos cuidar da nossa saúde.
O pai na verdade, veio me parabenizar por “não ter escondido” informação, e ao mesmo tempo, ter aproveitado esse exemplo de vida para educar seu filho.
Podemos ter nossas vidas enriquecidas não somente com exemplos bons, mas com ruins também. Devemos ter discernimento para distinguir entre o bem e o mal, o bom e o ruim e exemplos a serem seguidos e outros a serem evitados.
O que nos leva a uma outra questão, que considero de extrema importância para o crescimento saudável de qualquer indivíduo: a saúde espiritual.
Em 2013 fui apresentada para AEP (Abordagem de Educação por Princípios). Assisti palestras onde, passo a passo, me ensinavam e me mostravam como proceder e me comportar diante de um mundo que parece ter esquecido de Deus.
Acredito que muitos concordam comigo quando digo que o mundo precisa de Deus. Sua Palavra nos ensina a como pensar e agir diante de inúmeras situações e, dentro de todo esse rico ensinamento, princípios nos chamam a atenção como: Caráter, aliança, individualidade, autogoverno, semear e colher, mordomia e soberania.
Esse são os princípios trabalhados na AEP. A pergunta que fica no ar é: Será que é possível ensinar todo o conteúdo e ainda ter tempo disponível de aula para falar de Deus para os alunos? Como vou conseguir, em apenas 50 minutos de aula, dar o conteúdo e ainda falar de Deus? Eu me perguntava isso quando apenas assistia as primeiras palestras sobre AEP. Hoje respondo, com a minha experiência dentro de sala de aula, que sim, é possível.
Desde então comecei a entender que não são coisas separadas. Não preciso reservar tempo de aula para a Palavra de Deus, ela está inserida no conteúdo e é aí que vejo a beleza e a importância de toda a AEP.
Hoje eu ensino o conteúdo musical alicerçado na palavra de Deus. Tudo o que ensino, desde as notinhas musicais à grandes biografias tem exemplos bíblicos onde me alicerço.
É onde ensino sobre os instrumentos de sopro de metal e os muros de Jericó, instrumentos de cordas e Davi tocando harpa para o rei Saul, trava-línguas e Moisés “pesado” de língua, timbre com Elias e a voz de Deus, ritmo e os levitas marcando o ritmo no livro de crônicas, pausa e o momento onde a Terra fica em silêncio no livro de Habacuque, melodia e diferentes toques de um shofar, ruído e o ruído da chuva com o rei Acabe, canção e os cânticos de Moisés, tradução ou versão e o sonho do faraó interpretado por José, o caminho do som e o caminho largo ou estreito, tambor e Miriam e os tambores, Vivaldi e Salomão com a descrição da primavera, intensidade e a força de Sansão, escalas e a Torre de Babel, código Morse e Daniel e a escritura na parede, maestro e orquestra e Moisés e o bastão, luthier e Jesus carpinteiro, enfim, são tantos ensinamentos bíblicos que podem ser apresentadas aos alunos, que irão, como disse anteriormente, alicerçar seu conhecimento.
Posso dizer que nunca mais fui a mesma pessoa e profissional, depois de ter sido apresentada para esse método de ensino onde o ensinar e aprender, colocam a Palavra de Deus no coração de cada conteúdo de aprendizagem. Onde o pesquisar, raciocinar, relacionar e registrar são algumas das etapas que um aluno deve caminhar para vivenciar o processo reflexivo. Através desses quatro passos, o aluno tem a oportunidade de refletir sobre o tema apresentado.
Me apaixonei tanto por AEP, que hoje escrevo um material didático para ensino musical. Não posso deixar de compartilhar o que aprendi. Estou muito feliz com os primeiros resultados do meu trabalho. Deus tem aberto portas que somente Ele pode fechar. A AEP me ensinou a viver a palavra de Deus, não somente no meu dia a dia, mas trazer essa palavra para dentro de sala de aula e enriquecer vidas.
Sabemos que não escolhemos os momentos presentes, mas podemos escolher como estaremos para enfrentarmos os momentos futuros. As aflições irão aparecer, para mim e para você, mas o que fará a diferença é se eu e você, estaremos munidos emocionalmente, fisicamente e espiritualmente para superá-los.
Maura Stagi.
Professora de Música.
Autora do Currículo Inspirasom.